O Senhor Ogum – Salve
dia 23 de Abril
Ogum é o arquétipo do
guerreiro.
Bastante cultuado no
Brasil, especialmente por ser associado à luta, à conquista, é a figura do
astral que, depois de Exu, está mais próxima dos seres humanos.
Foi uma das primeiras
figuras do candomblé incorporada por outros cultos, notadamente pela Umbanda,
onde é muito popular.
Tem sincretismo com São
Jorge ou com Santo Antônio, tradicionais guerreiros dos mitos católicos, também
lutadores, destemidos e cheios de iniciativa.
A relação de Ogum com os militares
tanto vem do sincretismo realizado com São Jorge, sempre associado às forças
armadas, como da sua figura de comandante supremo yoruba.
Dizem as lendas que se
alguém, em meio a uma batalha, repetir determinadas palavras (que são do
conhecimento apenas dos iniciados), Ogum aparece imediatamente em socorro
daquele que o evocou.
Porém, elas (as palavras)
não podem ser usadas em outras circunstâncias, pois, tendo excitado a fúria por
sangue do Orixá, detonaram um processo violento e incontrolável; se não
encontrar inimigos diante de si após te sido evocado, Ogum se lançará
imediatamente contra quem o chamou.
Ogum não era, segundo as
lendas, figura que se preocupasse com a administração do reino de seu Pai,
*Odudua; ele não gostava de ficar quieto no palácio, dava voltas sem conseguir
ficar parado, arrumava romances com todas as moças da região e brigas com seus
namorados.
Não se interessava pelo exercício do poder já
conquistado, por que fosse a independência a ele garantida nessa função pelo
próprio pai, mas sim pela luta.
Ogum, portanto, é aquele
que gosta de iniciar as conquistas, mas não sente prazer em descansar sobre os
resultados delas, ao mesmo tempo é figura imparcial, com a capacidade de
calmamente exercer (executar) a justiça ditada por Xangô.
É muito mais paixão do
que razão: aos amigos, tudo, inclusive o doloroso perdão: aos inimigos, a
cólera mais implacável, a sanha destruidora mais forte.
Assim, Ogum não é apenas
o que abre as picadas na matas e derrota os exércitos inimigos; é também aquele
que abre os caminhos para a implantação de uma estrada de ferro, instala uma
fábrica numa área não industrializada, promove o desenvolvimento de um novo
meio de transporte, luta não só contra o homem, mas também contra o
desconhecido.
É, pois, o símbolo do
trabalho, da atividade criadora do homem sobre a natureza, da produção e da
expansão, da busca de novas fronteiras, de esmagamento de qualquer força que se
oponha à sua própria expansão.
Tem, junto com Exu,
posição de destaque logo no início de um ritual.
Tal como Exu, Ogum também
gosta de vir à frente.
A força de Ogum está
tanto na coragem de se lançar à luta como na objetividade que o domina nesses
momentos (e o abandona nos momentos de prazer e gozo).
É fácil nesse sentido,
entender a popularidade de Ogum: em primeiro lugar, o negro reprimido, longe de
sua terra, de seu papel social tradicional, não tinha mais ninguém para apelar,
senão para os dois deuses que efetivamente o defendiam:
Exu (a magia) e Ogum
(a guerra).
Em segundo lugar, além da
ajuda que pode prestar em qualquer luta.
Ogum é o representante no
panteão africano não só do conquistador, mas também do trabalhador manual, do
operário que transforma a matéria-prima em produto acabado.
Ele é a própria apologia do
ofício, do conhecimento de qualquer tecnologia com algum objetivo produtivo, do
trabalhador, em geral, na sua luta contra as matérias inertes a serem
modificadas.
Ogum gosta do preto no
branco, dos assuntos definidos em rápidas palavras, de falar diretamente a
verdade sem ter de preocupar-se em adaptar seu discurso para cada pessoa.
Ogum gosta de dormir no
chão, precisa que o corpo entre em contato sempre direto com a natureza e
dispensa roupas elaboradas e caras, que possam ser complicadas de vestir ou que
exijam muito espaço na mochila.
Não tem compromisso com
ninguém, nem com seus próprios objetos.
A violência e a energia, porém não explicam
Ogum totalmente.
Ele não é o tipo austero,
embora sério e dramático, nunca contidamente grave. Quando irado, é implacável,
apaixonadamente destruidor e vingativo; quando apaixonado, sua sensualidade não
se contenta em esperar nem aceita a rejeição.
Ogum sempre ataca pela
frente, de peito aberto, como o clássico guerreiro.
Existem vários
Falangeiros de Ogum, mas Ogum Xoroquê merece um destaque específico, pois é um
Orixá masculino duplo, ou seja, possui duas formas diferentes de manifestação.
É associado à irmandade e
afinidade estreita de Ogum com Exu, pois passa seis meses do ano como Ogum e os
outros como Exu, sendo considerado guerreiro feroz, irascível e imbatível.
O Sincretismo do Orixá Ogum e a Santificação de São Jorge
Desde o momento em que os
antigos indígenas tomaram contato com as tradições religiosas dos colonizadores
portugueses através da catequese, passou a ocorrer o fenômeno do sincretismo.
Os africanos, aqui
trazidos como escravos, não podiam realizar seus rituais, proibidos pelos
senhores por serem considerados demoníacos.
Para poderem continuar
professando sua fé, não puderam fazer outra coisa senão relacionar seus Orixás
aos santos católicos dos senhores brancos.
A Umbanda conseguiu
juntar as práticas populares com o cristianismo e as influencias negras,
mantendo o sincretismo religioso.
A diferença entre Santo e
Orixás e que orixás são energias de grande vibração, divindades responsáveis pela
Natureza como um todo, que cuidam dos seres que nela habitam, crescem e evoluem
constantemente.
Um Orixá em si é uma
qualidade divina, manifestando sua natureza e seus sentidos; são geradores
naturais e regentes das “naturezas”.
Os Santos foram pessoas
físicas, como nós, que um dia viveram na Terra e estiveram sob a tutela dos
Orixás.
Dizer que é Ogum é São
Jorge seria limitar sua força de Orixá, comparando-a de um Santo.
Por isso apenas
Simbolizamos nosso Orixá Ogum com o Santo guerreiro São Jorge, que para nós
Umbandistas é apenas um soldado de Ogum.
São Jorge
No
dia em que o conselho do Senado Romano havia de ser confirmado contra os
cristãos, Jorge, sem temor humano, armado só de temor a Deus, com alegre rosto
se pôs em pé no meio de toda a Assembléia e falou desta maneira:
“Oh!
Imperador e nobres senadores acostumados a fazer boas leis, que desatino e tão
grande, que não cessais de acrescentar vossa ira contra os cristãos, que tem a
certa e verdadeira Lei, para que deixem e sigam a seita que vós mesmos não
sabeis se é verdadeira, porque os ídolos que adorais, afirmo que não são
deuses, havendo sido homens perdidos”.
Ouvindo
isso, todos ficaram atônicos e espantados do valor e atrevimento com que falou,
e esperavam que o Imperador respondesse; mas ele, ficando perturbado e
refreando sua ira, fez sinal ao cônsul Magnêncio que respondesse a Jorge.
O
cônsul disse: Dize-me, jovem, quem te deu tamanha ousadia para falar nesta
Assembléia?
Respondeu
Jorge: A verdade.
Disse
o cônsul: Que coisa é a verdade?
Respondeu-lhe:
“A verdade é meu Senhor Jesus Cristo, a quem vós perseguis”.
Disse
o cônsul: “Dessa maneira, és tu cristão?”.
Respondeu-lhe:
Sou servo de meu redentor Jesus Cristo, e nele confiando me pus no meio de vós
para dar testemunho da verdade.
Então,
Diocleciano pondo os olhos em Jorge, o conheceu e lhe disse: “Sabendo eu há
dias de tua nobreza, te levantei ao mais alto grau de dignidade de minha corte,
e agora ainda que falaste tão alto, como sou muito afeiçoado a tua prudência e
fortaleza, te aconselho como Pai amoroso, que não deixes o proveito e honra da
tropa, nem queiras perder a flor da tua idade com torturas”.
Sacrifica
aos deuses e receberá de mim maiores prêmios e recompensas.
Jorge
lhe respondeu: Oh! Imperador se oferecesse o sacrifício de louvor ao verdadeiro
Deus, eu ficarei por fiador de que Ele, senhor de outro mais excelente império
do que tens, é o reino que dura para sempre; este que agora possuís, cedo se há
de acabar.
E
nenhum gênero de tormento que inventares poderá tirar de mim o amor de meu
Redentor nem causar temo algum da morte temporal.
Ouvindo
isto, o imperador, cheio de ira, mandou aos soldados que o pusessem fora da
Assembléia com lançadas e o jogassem no cárcere.
Fizeram
logo os soldados o que lhes fora mandado, mas a ponta da lança que tocou o
corpo do soldado dobrou como se fora de chumbo, e Jorge não cessavam de dizer
divinos louvores.
Sendo
ele posto no cárcere, estenderam-no em terra e puseram-lhe grilhões nos pés, e
sobre o peito uma grande pedra.
Tudo
isso lhes mandou o tirano fazer; mas sofrendo o tormento com muita paciência,
não cessou até o dia seguinte de dar graça a Deus.
Diocleciano
mandou então colocar Jorge em uma fornalha de cal virgem durante três dias, e
mandou vigiar que não viesse de nenhuma parte ajuda alguma.
Sendo
levado a esse tormento, Jorge ia fazendo oração a Deus em alta voz, dizendo:
“Senhor
meu, ponde os olhos de vossa misericórdia em mim, e livrai-me das ciladas do
inimigo, e concedei-me que até o fim confesse o vosso santo nome”.
Dito
isto, e fazendo o sinal da cruz em todo o corpo, com grande alegria entrou no
forno de cal.
Ao
terceiro dia, descobrindo a cal, os soldados acharam dentro Jorge com o rosto
resplandecendo, o qual, levantadas às mãos para o céu, dava louvores a Deus.
Saindo
do forno sem algum mal que lhe fizesse a cal, todos se espantaram de tão
maravilhosa causa e Louvaram a Deus de Jorge.
Depois
de muito tentar destruir Jorge sem nenhum êxito, Diocleciano mandou que fosse
degolado.
No
dia marcado, Jorge, com toda a sua calma e fé, encaminhou-se para seu
sacrifício, sempre orando a Deus:
“Bendito
sois, Senhor Deus meu, porque não permitisse que eu fosse despedaçado pelos
dentes daqueles que me queriam e buscavam, nem consentiste que meus inimigos
ficassem alegres com a vitória: porque livraste a minha alma, como pássaro do
laço dos caçadores”.
“Pois
agora, Senhor também me ouvi, sede comigo nesta ultima hora, e livrai a minha
alma da maldade dos malignos espíritos”.
“Recebei,
senhor, a minha com aqueles que desde o principio do mundo vos serviram, e
esquecei-vos de todos os meus pecados, que eu voluntariamente, ou por
ignorância cometi”.
Acabando
de dizer isto, estendeu o pescoço e foi degolado, entregando sua alma nas mãos
dos anjos em 23 de Abril, fazendo excelente confissão de fé pura e sã pelo ano
de 303.
O
culto a São Jorge espalhou-se imediatamente por todo o oriente, no século V, já
havia cinco Igrejas em Constantinopla dedicadas a ele.
Só
no Egito, nos primeiros séculos após sua morte, construíram-se quatro Igrejas e
quarenta conventos dedicados ao mártir.
Na
Idade Média, as Cruzadas colocaram são Jorge à frente de suas milícias, como
Patrono da cavalaria.
A
Inglaterra foi o País Ocidental onde a devoção ao Santo teve maior papel.
Os Ingleses escolheram
São Jorge como padroeiro do País, imitando os gregos, que também trazem a cruz
de São Jorge em sua bandeira.
Extraída
do IV volume do "Flos Sanctorum"
Características dos
Filhos de Ogum
Não
é difícil reconhecer um filho de Ogum.
Tem
um comportamento extremamente coerente, arrebatado e passional, aonde as
explosões, a obstinação e a teimosia logo avultam, assim como o prazer com os
amigos e com o sexo oposto.
Os
homens e mulheres que têm Ogum como seu Orixá de cabeça, vão ter comportamentos
diferentes, de acordo com os segundos e terceiros Orixás que os influencia
ajuntós (adjutores).
De
qualquer forma, terão alguns traços comuns: são conquistadores, incapazes de
fixar-se num mesmo lugar, gostando de temas e assuntos novos, conseqüentemente
apaixonados por viagens, mudanças de endereço e de cidade.
Um trabalho que exija
rotina tornará um filho de Ogum um desajustado e amargo.
São
apreciadores das novidades tecnológicas, são pessoas curiosas e resistentes,
com grande capacidade de concentração no objetivo em pauta; a coragem é muito
grande, a franqueza absoluta, chegando mesmo à falta de tato.
O Homem de Ogum
O
filho de Ogum e um guerreiro também nos assunto do coração.
Passional,
sempre empenhado em manter o jogo da conquista, é um amante completo.
Ativíssimo
sexualmente, superprotetor com a pessoa amada, interessado em satisfazer-lhe as
vontades, o companheiro de Ogum garante a sua parceira uma vida feliz em todos
os sentidos.
Por
isso mesmo é um homem muito cobiçado pelas mulheres.
E
como sente necessidade de viver em permanente estado de paixão, torna-se presa
fácil às aventuras amorosas.
Isso
gera grandes conflitos internos nele e na pessoa amada.
A Mulher de Ogum
A
protegida de Ogum é uma mulher que reúne as características femininas e
masculinas.
Bonita
e sensual por fora, ela pensa com cabeça de homem.
Justamente
por ser assim, expõe-se mais que as outras mulheres e destaca-se em qualquer
lugar.
Também
é esse seu lado masculino muito forte que a afaz prezar a sua liberdade e independência
acima de tudo, com reflexos na vida afetiva.
É
a mulher de Ogum quem conquista o homem e é ela também que o dispensa quando
não o quer mais.
Essa característica
faz dela uma mulher difícil para parceiros machistas.
Mas
conquista-la não e uma tarefa difícil e sim mantê-la sob domínio.
Ela
precisa de um companheiro por quem tenha grande admiração ou do qual dependa de
alguma forma.
E
esse homem, por sua vez deverá aprender a conviver com muitas cenas de ciúmes.
Relações Vibratórias de Ogum na Umbanda
Atuação
energética do orixá no ser humano: destemor, coragem,
intrepidez, elegância, ordem.
Quando
o ego se sobrepõe, sobressaem: indisciplina, arrogância,
ciúme exagerado, covardia, egocentrismo extremo, banditismo.
Saudação:
“Patacorí Ogum! Patacorí Ogum!”, Ogunyê! Ogunyê!Ogunyê!
Força
da natureza: a magia dos sete elementos, dos quais apenas
cinco são freqüentemente usados no quotidiano da vida planetária: água, terra,
ar, fogo e éter.
Força
Sutil: Ígnea e Hídrica.
Mineral:
ferro.
Pedras:
granada, rubi, sárdio.
Dimensão
esotérica: ocupa o Sétimo Raio do diagrama, consagrado ao
Cerimonial e a Magia.
Dia
da semana: terça-feira.
Data
festiva: dia 23 de abril.
Planeta:
Marte.
Ponto
Cardeal: Sul e Oeste.
Cor
da guia: vermelho e branco ou somente vermelho.
Flores:
Cravo vermelho, rosas vermelhas, crista de galo, e outras da mesma tonalidade.
Bebidas:
cerveja branca, água mineral, sumo de suas ervas, vinho seco ou rascante, vinho
de palma (extraído da palmeira Igi Oguro).
Comidas
secas: pimentão ralado ou picado no azeite de dendê, camarão
seco no dendê, farofa de inhame picado com mel, coco em pedaços no mel ou no
azeite de dendê, inhame assado inteiro ou em rodelas.
Frutos: manga, cajá, coco, cajarana, cajá-mirim.
Habitat:
Matas de preferência na entrada e estradas. movimentadas
Signo
Zodiacal: Áries e Escorpião.
Numero
Sagrado: 7(sete).
Mantra:
Eamaka.
Neuma:
HÂÂNAÊÊ.
Chefe
de Legião: Ogum de lê.
Chacra:
Solar ou Gástrico.
Ervas:
Aroeira, Pata de Vaca, Carqueja, Losna, Comigo Ninguém Pode, Folhas de Romã,
Espada de S. Jorge, Flecha de Ogum, Cinco Folhas, Macaé, Folhas de Jurubeba.
Essência Volátil Liquida: Cravo e
Tuberosa.
Arcanjo
Tutor: Samuel.
Sincretismo: São
Jorge.
Lua: Lua
Cheia
Horas:
entre 5;40 e 6:40 ou 13:40 e 14:40.
Vermelho:
paixão, força, energia, amor, velocidade, liderança, masculinidade, alegria
(China), perigo, fogo, raiva, revolução, "pare";
Fonte - Livro pessoal de pesquisa Ronaldo Jatapequara.
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