sábado, 19 de abril de 2014

O Senhor Ogum – Salve dia 23 de Abril - O Senhor Ogum, o Guerreiro de Umbanda

O Senhor Ogum – Salve dia 23 de Abril


Ogum é o arquétipo do guerreiro.
Bastante cultuado no Brasil, especialmente por ser associado à luta, à conquista, é a figura do astral que, depois de Exu, está mais próxima dos seres humanos.
Foi uma das primeiras figuras do candomblé incorporada por outros cultos, notadamente pela Umbanda, onde é muito popular.
Tem sincretismo com São Jorge ou com Santo Antônio, tradicionais guerreiros dos mitos católicos, também lutadores, destemidos e cheios de iniciativa.
             A relação de Ogum com os militares tanto vem do sincretismo realizado com São Jorge, sempre associado às forças armadas, como da sua figura de comandante supremo yoruba.
Dizem as lendas que se alguém, em meio a uma batalha, repetir determinadas palavras (que são do conhecimento apenas dos iniciados), Ogum aparece imediatamente em socorro daquele que o evocou.
Porém, elas (as palavras) não podem ser usadas em outras circunstâncias, pois, tendo excitado a fúria por sangue do Orixá, detonaram um processo violento e incontrolável; se não encontrar inimigos diante de si após te sido evocado, Ogum se lançará imediatamente contra quem o chamou.
Ogum não era, segundo as lendas, figura que se preocupasse com a administração do reino de seu Pai, *Odudua; ele não gostava de ficar quieto no palácio, dava voltas sem conseguir ficar parado, arrumava romances com todas as moças da região e brigas com seus namorados.
 Não se interessava pelo exercício do poder já conquistado, por que fosse a independência a ele garantida nessa função pelo próprio pai, mas sim pela luta.
Ogum, portanto, é aquele que gosta de iniciar as conquistas, mas não sente prazer em descansar sobre os resultados delas, ao mesmo tempo é figura imparcial, com a capacidade de calmamente exercer (executar) a justiça ditada por Xangô.
É muito mais paixão do que razão: aos amigos, tudo, inclusive o doloroso perdão: aos inimigos, a cólera mais implacável, a sanha destruidora mais forte.
Assim, Ogum não é apenas o que abre as picadas na matas e derrota os exércitos inimigos; é também aquele que abre os caminhos para a implantação de uma estrada de ferro, instala uma fábrica numa área não industrializada, promove o desenvolvimento de um novo meio de transporte, luta não só contra o homem, mas também contra o desconhecido.
É, pois, o símbolo do trabalho, da atividade criadora do homem sobre a natureza, da produção e da expansão, da busca de novas fronteiras, de esmagamento de qualquer força que se oponha à sua própria expansão.
Tem, junto com Exu, posição de destaque logo no início de um ritual.
Tal como Exu, Ogum também gosta de vir à frente.
A força de Ogum está tanto na coragem de se lançar à luta como na objetividade que o domina nesses momentos (e o abandona nos momentos de prazer e gozo).
É fácil nesse sentido, entender a popularidade de Ogum: em primeiro lugar, o negro reprimido, longe de sua terra, de seu papel social tradicional, não tinha mais ninguém para apelar, senão para os dois deuses que efetivamente o defendiam:
Exu (a magia) e Ogum (a guerra).
Em segundo lugar, além da ajuda que pode prestar em qualquer luta.
Ogum é o representante no panteão africano não só do conquistador, mas também do trabalhador manual, do operário que transforma a matéria-prima em produto acabado.
             Ele é a própria apologia do ofício, do conhecimento de qualquer tecnologia com algum objetivo produtivo, do trabalhador, em geral, na sua luta contra as matérias inertes a serem modificadas.
Ogum gosta do preto no branco, dos assuntos definidos em rápidas palavras, de falar diretamente a verdade sem ter de preocupar-se em adaptar seu discurso para cada pessoa.
Ogum gosta de dormir no chão, precisa que o corpo entre em contato sempre direto com a natureza e dispensa roupas elaboradas e caras, que possam ser complicadas de vestir ou que exijam muito espaço na mochila.
Não tem compromisso com ninguém, nem com seus próprios objetos.
 A violência e a energia, porém não explicam Ogum totalmente.
Ele não é o tipo austero, embora sério e dramático, nunca contidamente grave. Quando irado, é implacável, apaixonadamente destruidor e vingativo; quando apaixonado, sua sensualidade não se contenta em esperar nem aceita a rejeição.
Ogum sempre ataca pela frente, de peito aberto, como o clássico guerreiro.
Existem vários Falangeiros de Ogum, mas Ogum Xoroquê merece um destaque específico, pois é um Orixá masculino duplo, ou seja, possui duas formas diferentes de manifestação.
É associado à irmandade e afinidade estreita de Ogum com Exu, pois passa seis meses do ano como Ogum e os outros como Exu, sendo considerado guerreiro feroz, irascível e imbatível.


O Sincretismo do Orixá Ogum e a Santificação de São Jorge


Desde o momento em que os antigos indígenas tomaram contato com as tradições religiosas dos colonizadores portugueses através da catequese, passou a ocorrer o fenômeno do sincretismo.
Os africanos, aqui trazidos como escravos, não podiam realizar seus rituais, proibidos pelos senhores por serem considerados demoníacos.
Para poderem continuar professando sua fé, não puderam fazer outra coisa senão relacionar seus Orixás aos santos católicos dos senhores brancos.
A Umbanda conseguiu juntar as práticas populares com o cristianismo e as influencias negras, mantendo o sincretismo religioso.
A diferença entre Santo e Orixás e que orixás são energias de grande vibração, divindades responsáveis pela Natureza como um todo, que cuidam dos seres que nela habitam, crescem e evoluem constantemente.
Um Orixá em si é uma qualidade divina, manifestando sua natureza e seus sentidos; são geradores naturais e regentes das “naturezas”.
Os Santos foram pessoas físicas, como nós, que um dia viveram na Terra e estiveram sob a tutela dos Orixás.
Dizer que é Ogum é São Jorge seria limitar sua força de Orixá, comparando-a de um Santo.
Por isso apenas Simbolizamos nosso Orixá Ogum com o Santo guerreiro São Jorge, que para nós Umbandistas é apenas um soldado de Ogum. 

São Jorge


No dia em que o conselho do Senado Romano havia de ser confirmado contra os cristãos, Jorge, sem temor humano, armado só de temor a Deus, com alegre rosto se pôs em pé no meio de toda a Assembléia e falou desta maneira:
“Oh! Imperador e nobres senadores acostumados a fazer boas leis, que desatino e tão grande, que não cessais de acrescentar vossa ira contra os cristãos, que tem a certa e verdadeira Lei, para que deixem e sigam a seita que vós mesmos não sabeis se é verdadeira, porque os ídolos que adorais, afirmo que não são deuses, havendo sido homens perdidos”.
Ouvindo isso, todos ficaram atônicos e espantados do valor e atrevimento com que falou, e esperavam que o Imperador respondesse; mas ele, ficando perturbado e refreando sua ira, fez sinal ao cônsul Magnêncio que respondesse a Jorge.
O cônsul disse: Dize-me, jovem, quem te deu tamanha ousadia para falar nesta Assembléia?

Respondeu Jorge: A verdade.

Disse o cônsul: Que coisa é a verdade?

Respondeu-lhe: “A verdade é meu Senhor Jesus Cristo, a quem vós perseguis”. 

Disse o cônsul: “Dessa maneira, és tu cristão?”.
Respondeu-lhe: Sou servo de meu redentor Jesus Cristo, e nele confiando me pus no meio de vós para dar testemunho da verdade.

Então, Diocleciano pondo os olhos em Jorge, o conheceu e lhe disse: “Sabendo eu há dias de tua nobreza, te levantei ao mais alto grau de dignidade de minha corte, e agora ainda que falaste tão alto, como sou muito afeiçoado a tua prudência e fortaleza, te aconselho como Pai amoroso, que não deixes o proveito e honra da tropa, nem queiras perder a flor da tua idade com torturas”.
Sacrifica aos deuses e receberá de mim maiores prêmios e recompensas.

Jorge lhe respondeu: Oh! Imperador se oferecesse o sacrifício de louvor ao verdadeiro Deus, eu ficarei por fiador de que Ele, senhor de outro mais excelente império do que tens, é o reino que dura para sempre; este que agora possuís, cedo se há de acabar.
E nenhum gênero de tormento que inventares poderá tirar de mim o amor de meu Redentor nem causar temo algum da morte temporal.
Ouvindo isto, o imperador, cheio de ira, mandou aos soldados que o pusessem fora da Assembléia com lançadas e o jogassem no cárcere.
Fizeram logo os soldados o que lhes fora mandado, mas a ponta da lança que tocou o corpo do soldado dobrou como se fora de chumbo, e Jorge não cessavam de dizer divinos louvores.
Sendo ele posto no cárcere, estenderam-no em terra e puseram-lhe grilhões nos pés, e sobre o peito uma grande pedra.
Tudo isso lhes mandou o tirano fazer; mas sofrendo o tormento com muita paciência, não cessou até o dia seguinte de dar graça a Deus.
Diocleciano mandou então colocar Jorge em uma fornalha de cal virgem durante três dias, e mandou vigiar que não viesse de nenhuma parte ajuda alguma.
Sendo levado a esse tormento, Jorge ia fazendo oração a Deus em alta voz, dizendo:

“Senhor meu, ponde os olhos de vossa misericórdia em mim, e livrai-me das ciladas do inimigo, e concedei-me que até o fim confesse o vosso santo nome”.

Dito isto, e fazendo o sinal da cruz em todo o corpo, com grande alegria entrou no forno de cal.
Ao terceiro dia, descobrindo a cal, os soldados acharam dentro Jorge com o rosto resplandecendo, o qual, levantadas às mãos para o céu, dava louvores a Deus.
Saindo do forno sem algum mal que lhe fizesse a cal, todos se espantaram de tão maravilhosa causa e Louvaram a Deus de Jorge.
Depois de muito tentar destruir Jorge sem nenhum êxito, Diocleciano mandou que fosse degolado.
No dia marcado, Jorge, com toda a sua calma e fé, encaminhou-se para seu sacrifício, sempre orando a Deus:

“Bendito sois, Senhor Deus meu, porque não permitisse que eu fosse despedaçado pelos dentes daqueles que me queriam e buscavam, nem consentiste que meus inimigos ficassem alegres com a vitória: porque livraste a minha alma, como pássaro do laço dos caçadores”.
“Pois agora, Senhor também me ouvi, sede comigo nesta ultima hora, e livrai a minha alma da maldade dos malignos espíritos”.
“Recebei, senhor, a minha com aqueles que desde o principio do mundo vos serviram, e esquecei-vos de todos os meus pecados, que eu voluntariamente, ou por ignorância cometi”.

Acabando de dizer isto, estendeu o pescoço e foi degolado, entregando sua alma nas mãos dos anjos em 23 de Abril, fazendo excelente confissão de fé pura e sã pelo ano de 303.

O culto a São Jorge espalhou-se imediatamente por todo o oriente, no século V, já havia cinco Igrejas em Constantinopla dedicadas a ele.
Só no Egito, nos primeiros séculos após sua morte, construíram-se quatro Igrejas e quarenta conventos dedicados ao mártir.
Na Idade Média, as Cruzadas colocaram são Jorge à frente de suas milícias, como Patrono da cavalaria.
A Inglaterra foi o País Ocidental onde a devoção ao Santo teve maior papel.
Os Ingleses escolheram São Jorge como padroeiro do País, imitando os gregos, que também trazem a cruz de São Jorge em sua bandeira.
Extraída do IV volume do "Flos Sanctorum"



Características dos Filhos de Ogum

Não é difícil reconhecer um filho de Ogum.
Tem um comportamento extremamente coerente, arrebatado e passional, aonde as explosões, a obstinação e a teimosia logo avultam, assim como o prazer com os amigos e com o sexo oposto.
Os homens e mulheres que têm Ogum como seu Orixá de cabeça, vão ter comportamentos diferentes, de acordo com os segundos e terceiros Orixás que os influencia ajuntós (adjutores).
De qualquer forma, terão alguns traços comuns: são conquistadores, incapazes de fixar-se num mesmo lugar, gostando de temas e assuntos novos, conseqüentemente apaixonados por viagens, mudanças de endereço e de cidade.
Um trabalho que exija rotina tornará um filho de Ogum um desajustado e amargo.
São apreciadores das novidades tecnológicas, são pessoas curiosas e resistentes, com grande capacidade de concentração no objetivo em pauta; a coragem é muito grande, a franqueza absoluta, chegando mesmo à falta de tato.

O Homem de Ogum

O filho de Ogum e um guerreiro também nos assunto do coração.
Passional, sempre empenhado em manter o jogo da conquista, é um amante completo.
Ativíssimo sexualmente, superprotetor com a pessoa amada, interessado em satisfazer-lhe as vontades, o companheiro de Ogum garante a sua parceira uma vida feliz em todos os sentidos.
Por isso mesmo é um homem muito cobiçado pelas mulheres.
E como sente necessidade de viver em permanente estado de paixão, torna-se presa fácil às aventuras amorosas.
Isso gera grandes conflitos internos nele e na pessoa amada.

A Mulher de Ogum

A protegida de Ogum é uma mulher que reúne as características femininas e masculinas.
Bonita e sensual por fora, ela pensa com cabeça de homem.
Justamente por ser assim, expõe-se mais que as outras mulheres e destaca-se em qualquer lugar.
Também é esse seu lado masculino muito forte que a afaz prezar a sua liberdade e independência acima de tudo, com reflexos na vida afetiva.
É a mulher de Ogum quem conquista o homem e é ela também que o dispensa quando não o quer mais.
Essa característica faz dela uma mulher difícil para parceiros machistas.
Mas conquista-la não e uma tarefa difícil e sim mantê-la sob domínio.
Ela precisa de um companheiro por quem tenha grande admiração ou do qual dependa de alguma forma.
E esse homem, por sua vez deverá aprender a conviver com muitas cenas de ciúmes.

Relações Vibratórias de Ogum na Umbanda

Atuação energética do orixá no ser humano: destemor, coragem, intrepidez, elegância, ordem.
Quando o ego se sobrepõe, sobressaem: indisciplina, arrogância, ciúme exagerado, covardia, egocentrismo extremo, banditismo.
Saudação: “Patacorí Ogum! Patacorí Ogum!”, Ogunyê! Ogunyê!Ogunyê!
Força da natureza: a magia dos sete elementos, dos quais apenas cinco são freqüentemente usados no quotidiano da vida planetária: água, terra, ar, fogo e éter.
Força Sutil: Ígnea e Hídrica.
Mineral: ferro.
Pedras: granada, rubi, sárdio.
Dimensão esotérica: ocupa o Sétimo Raio do diagrama, consagrado ao Cerimonial e a Magia.
Dia da semana: terça-feira.
Data festiva: dia 23 de abril.
Planeta: Marte.
Ponto Cardeal: Sul e Oeste.
Cor da guia: vermelho e branco ou somente vermelho.
Flores: Cravo vermelho, rosas vermelhas, crista de galo, e outras da mesma tonalidade.
Bebidas: cerveja branca, água mineral, sumo de suas ervas, vinho seco ou rascante, vinho de palma (extraído da palmeira Igi Oguro).
Comidas secas: pimentão ralado ou picado no azeite de dendê, camarão seco no dendê, farofa de inhame picado com mel, coco em pedaços no mel ou no azeite de dendê, inhame assado inteiro ou em rodelas.
Frutos: manga, cajá, coco, cajarana, cajá-mirim.
Habitat: Matas de preferência na entrada e estradas. movimentadas
Signo Zodiacal: Áries e Escorpião.
Numero Sagrado: 7(sete).
Mantra: Eamaka.
Neuma: HÂÂNAÊÊ.
Chefe de Legião: Ogum de lê.
Chacra: Solar ou Gástrico.
Ervas: Aroeira, Pata de Vaca, Carqueja, Losna, Comigo Ninguém Pode, Folhas de Romã, Espada de S. Jorge, Flecha de Ogum, Cinco Folhas, Macaé, Folhas de Jurubeba.
 Essência Volátil Liquida: Cravo e Tuberosa.
Arcanjo Tutor: Samuel.
Sincretismo: São Jorge.
Lua: Lua Cheia
Horas: entre 5;40 e 6:40 ou 13:40 e 14:40.
Vermelho: paixão, força, energia, amor, velocidade, liderança, masculinidade, alegria (China), perigo, fogo, raiva, revolução, "pare";


Fonte - Livro pessoal de pesquisa Ronaldo Jatapequara.